
Você sabia que no fundo do mar existem grandes florestas? E que elas são essenciais não só para a vida marinha como para o ser humano? Pois então, as florestas marinhas podem ganhar um novo incentivo no Brasil. Trata-se do Programa Florestas Marinhas Para Sempre, que será lançado esta semana em Fernando de Noronha, e servirá de proposta piloto para todo litoral brasileiro.
A iniciativa surge em um momento crucial: apenas 6,4% do oceano global pertence às Áreas Marinhas Protegidas, e com efetividade ainda limitada. O programa Florestas Marinhas para Sempre se apresenta como ferramenta central para que o Brasil e a comunidade internacional atinjam metas globais como a 30×30, que prevê a proteção de 30% do planeta até 2030.
“As florestas marinhas recebem menos atenção do que as terrestres, apesar de serem indispensáveis para manutenção da biodiversidade, serviços ecossistêmicos e equilíbrio climático do planeta, como o sequestro de carbono atmosférico. Nesse sentido, a proposta de criação de um programa global para florestas marinhas visa fortalecer a arrecadação de fundos para financiar ações coordenadas em todos os estados-membros das Nações Unidas”, afirma Paulo Horta, pós-doutor em ecologia marinha, professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e líder do movimento internacional Marine Forest Forever Program (MFFP) no Instituto Coral Vivo.
O programa pretende criar políticas públicas multilaterais para impulsionar a conservação desses ambientes marinhos. O objetivo é garantir ações coordenadas de restauração e soluções baseadas na natureza, com base nos estudos de oceanografia, ficologia e meio ambiente.
A biodiversidade das florestas marinhas tem enorme função para as mais diversas vidas, inclusive a humana. Além da vida marinha, essas florestas pouco conhecidas, são fundamentais para o equilíbrio climático e ambiental do planeta, assim como para o desenvolvimento de novos medicamentos, entre outros. Essas florestas são formadas por manguezais, marismas e bancos de gramas marinhas, algas, corais e esponjas e mais uma infinidade de organismos vivos.
Além disso, a proposta pode gerar emprego e renda para as comunidades mais vulneráveis como, por exemplo, através do pagamento de renda universal para todos que atuem na implementação de diferentes segmentos do programa Florestas Marinhas para Sempre, na lógica dos programas de Pagamento por Serviços Ambientais. Estas políticas devem gerar importantes avanços de justiça socioambiental e transgeracional.
O programa também deverá produzir informações essenciais sobre os ambientes marinhos em consonância com o chamado da declaração ministerial do Grupo de Trabalho de Meio Ambiente e Sustentabilidade Climática (ECSWG) do G20.
A adoção desse programa deve fortalecer a posição de liderança do Brasil nas negociações ambientais internacionais, especialmente durante a COP30, em Belém.
O encontro reunirá gestores e pesquisadores que lideram projetos de monitoramento e restauração de ecossistemas costeiros. A programação detalhada está em fase de definição, mas incluirá momentos de troca de experiências e sensibilização.





